Fonte: | 19/Nov/2024
As mudanças no clima do país, observadas nos últimos 60 anos, estão cada vez mais significativas. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a região Sul apresenta um aumento de até 30% na precipitação média anual. Entre 2011 e 2020, Estados dessa área e também parte de São Paulo e Mato Grosso do Sul registraram um maior volume anual, que era de 1500 mm e passou para 1660 mm por ano, indicando um aumento entre 10 e 30%, a depender da região. Esse acréscimo de 160 mm na média do ano é um indicativo de alerta para possíveis desastres em decorrência das chuvas mais acentuadas, potencializado com as mudanças climáticas, que torna esses eventos mais intensos e frequentes.
A ocorrência de chuvas extremas em um período curto de tempo é um fenômeno notado em vários lugares do Brasil e do mundo, e vem se tornando recorrente. O indicador RX5day registra a maior quantidade de precipitação em um período consecutivo de cinco dias, que é útil para apontar tendências de mudanças nos padrões de chuvas intensas e serve também para auxiliar no planejamento de infraestrutura e gestão de riscos de enchentes, alagamentos e inundações. Com essas mudanças climáticas drásticas, é fundamental reavaliar as estratégias para promover a adaptação em relação ao clima, não de forma apenas reativa, mas pensando em soluções preventivas.
Apesar de não ser novidade, esses eventos climáticos ainda pegam as pessoas de surpresa e causam enormes prejuízos, em alguns casos, em quem ainda nem se recuperou de um recente. Para diminuir os riscos, é necessária uma atuação conjunta em diversas frentes, desde o poder público até ações individuais, com um plano de curto, médio e longo prazo. A dragagem é uma medida adotada por muitas cidades em um planejamento para preparar e ajudar na prevenção de inundações e alagamentos, reduzir a velocidade das cheias que acometem regiões próximas aos rios e minimizar impactos. “A dragagem serve para desobstruir e dar fluxo aos rios, prevenindo o acúmulo de sedimentos, como areia, lodo, galhos e outros resíduos. Dessa forma, diminui os riscos de inundação e protege as comunidades, criando condições para que as águas sigam o seu curso natural”, explica Rogério Júnior, engenheiro e sócio-administrador da Submar Dragagens.
A execução da dragagem depende de um projeto que deve ser realizado por profissionais habilitados para analisar bem a região e o rio que será dragado. “A partir desse estudo e levantamento hidrográfico, é possível definir as etapas, equipamentos e equipe necessários e definir um período para a realização de toda a obra. Tem de se pensar no processo inteiro: da definição dos profissionais e máquinas até o encaminhamento adequado dos resíduos recolhidos, seguindo as recomendações da legislação sanitária e ambiental”, conta Júnior.
Outras medidas contribuem para a prevenção de enchentes e inundações e também devem ser consideradas num plano de prevenção, como sistemas de drenagem eficientes; desocupação de áreas de risco; criação, preservação e recuperação de matas ciliares; redução da poluição e geração de resíduos; e planejamento urbano mais consistente. Júnior reforça que essas são ações preventivas e que, portanto, não vão trazer resultados de grande impacto se forem usadas somente como medida emergencial. “No caso da dragagem fluvial, não adianta lembrar da importância deste serviço apenas no dia que ocorre uma enchente, alagamento ou inundação. É preciso pensar a médio e longo prazo, considerando todas as etapas de elaboração de projeto, contratação e execução da obra. Se a região é uma área de risco, próxima a rios com histórico de transbordamento, a dragagem deve ser considerada. Além disso, os serviços de limpeza de manutenção devem constar no plano preventivo e ser realizados com intervalo determinado para ajudar a preservar os rios e evitar acúmulo de sedimentos”, ressalta.